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Pesquisa revela potencial para alinhar potencial de ganhos para refugiados e migrantes venezuelanos e economia do Amazonas

A pesquisa constatou que as mulheres se encontram em situação ocupacional menos favorável do que os homens, indicando a necessidade de intervenção para geração de renda envolvendo a promoção de autonomia das mulheres, em sua maioria chefes de família.

Com o título, “Diagnósticos para a promoção da autonomia e integração local de pessoas refugiadas emigrantes venezuelanas emManaus: pesquisa de perfilsocioeconomico e laboral”, a investigação foi divulgada pelo ACNUR e Pólis nesta quinta-feira (26), no auditório do Ministério Público do Trabalho.

Encomendado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) junto à Pólis Pesquisa, e com apoio da AVSI Brasil, o estudo levantou informações de um total de 1.506 pessoas, em 419 entrevistas, retratando dados demográficos, perfil profissional, educacional, situação ocupacional e condições de vida.

Para a pesquisadora do Diagnóstico, Bertha Jeha Maakaroun, “a mostra dessa população de refugiados imigrantes venezuelanos e no conjunto das informações primárias que coletamos, identificamos uma inserção laboral bastante precária no mercado de trabalho com a escolaridade das pessoas tendo um impacto muito pequeno ou insignificante sobre a sua inserção e seu rendimento. Isso se deve, em grande medida, pela dificuldade que os refugiados de imigrantes têm de validação dos seus diplomas profissionais quando chegam ao Brasil e, frequentemente, dada a sua necessidade de sobrevivência, acabam se inserindo em atividades que são de baixa qualificação (aquém daquela que tem em sua formação e trajetória profissional na Venezuela). Essa questão da precariedade da inserção se verifica também de uma forma mais geral entre mulheres em relação ao homem. Ela é mais precária entre as mulheres em relação aos homens e no conjunto a gente pode entender que são necessárias políticas para promoção de um casamento entre as demandas do setor produtivo e as possibilidades de qualificação dessa população de refugiados migrantes para melhorar a sua inserção no mercado de trabalho”, analisou Bertha.

Direitos fundamentais

Ao receber o evento de lançamento da pesquisa na sede da procuradoria, em Manaus, a procuradora-Chefe do MPT do Amazonas e Roraima e coordenadora colegiada do Grupo de Trabalho Nacional sobre o Fluxo Migratório da Venezuela, Alzira Melo Costa, ressaltou que os dados apresentados demonstram a necessidade de um empenho contínuo, centralizado no diálogo para efetivar os direitos sociais de refugiados e migrantes. “Esse trabalho somente terá êxito se todos, poder público, sociedade civil, setor privado e organismos internacionais atuarem em colaboração e com criatividade. Nós, do Ministério Público do Trabalho, reiteramos nosso compromisso para participar desse esforço. A Procuradoria Geral do Trabalho instituiu em fevereiro deste ano o Grupo de Trabalho (GT), composto por procuradoras e procuradores do Trabalho no Brasil inteiro para voltar seu olhar para o fluxo migratório dos venezuelanos com essa perspectiva de trabalho decente, de geração de emprego e renda e, sobretudo, de garantias de direitos fundamentais, porque não se pode falar de geração de trabalho e geração de emprego e renda se a gente não tiver garantido os direitos fundamentais, de acesso à documentação, acesso à saúde, acesso à educação e acesso à assistência social”, destacou Alzira.

Outro dado importante da pesquisa refere-se à composição das famílias dos entrevistados, formada em média por 3,6 membros e um número expressivo delas é monoparental (38,2%). Outros 44,9% são famílias biparentais e 6,7 são casais sem filhos. Por fim, 10,3% são pessoas sós.

Desses 38,2% de famílias monoparentais, 94,4% são chefiadas por mulheres, significando que mais de um terço do total de famílias de refugiados e migrantes venezuelanos entrevistados residindo em Manaus são monoparentais com a mulher como responsável pelas crianças.

Presente no evento, o presidente da Organização Não Governamental Hermanitos, Túlio Duarte, declarou que a pesquisa está alinhada com muitas das informações que a Hermanitos tinha observado e certamente ela vai contribuir para que as organizações possam criar projetos e novas ações direcionadas para atender de forma mais efetiva esse público. “Uma vez que a pesquisa aponta áreas de maiores dificuldades, por exemplo, número de famílias monoparentais, mães de famílias que moram com os filhos, buscaremos fortalecer ações para essa população. Junto com o MPT, a gente propôs o projeto Mulheres Fuertes, a várias mãos, para atender essas mulheres, promovendo autonomia através de empreendedorismo e geração de renda. E assim, outras descobertas que a pesquisa nos traz, como as relacionadas com indústria ou as áreas de interesse da população, direcionando para novas rotas de capacitação, de preparação, em conjunto com a sensibilização desses setores, é de grande relevância para desenvolver políticas públicas”, analisa Tulio.

Pesquisa

O “Diagnósticos para a promoção da autonomia e integração local de pessoas refugiadas emigrantes venezuelanas emManaus: pesquisa de perfilsocioeconomico e laboral” é a primeira de uma série de três estudos em desenvolvimento pelo ACNUR para potencializar a integração local de refugiados e migrantes venezuelanos em Manaus.

O segundo estudo focará em uma avaliação de mercado, destinada a verificar áreas de maior demanda por mão de obra e considerações do setor privado sobre a contratação de pessoas refugiadas.

A terceira publicação unirá os achados dos dois estudos anteriores, apontando para fatores de impulso e de atração entre a oferta e a demanda de mão-de-obra, sugerindo possibilidades de intervenções apropriadas para a criação de empregos e geração de renda que afetem positivamente pessoas refugiadas e migrantes, bem como o desenvolvimento local.

Acesse os arquivos da pesquisa:

Sumário executivo

Relatório da Pesquisa

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